Identidade de Genêro

Público-alvo: Ensino Fundamental II e Ensino médio

Tempo de duração: A sugestão é para que a atividade seja realizada em, no mínimo, dois tempos de aula. No entanto, é possível adequações de acordo com a disponibilidade de cada educador/a/e ou espaço educativo.

Competências trabalhadas

Conhecimento, argumentação, autoconhecimento e cuidado.

Objetivos

Refletir sobre a construção social das identidades de gênero e as possibilidades de existência não-binárias de gênero (masculina ou feminina).

Passo a Passo

1

Sensibilização e Problematização

Tempo proposto: 20 minutos

Organize o espaço colocando as cadeiras em círculo, possibilitando que todas pessoas – inclusive você que mediará o encontro – se vejam. Essa proposta estimula uma desierarquização do saber. Isto é, todes estarão em uma posição de igualdade de conhecimento e conexão entre si.

Caso a atividade seja online, verifique uma plataforma que seja acessível para todes e durante a atividade peça es participantes que abra as câmeras por um momento, para que se vejam.

Para acolher o grupo e “quebrar o gelo”, coloque uma música que dialogue com o tema proposto. Para isso, faça uma pesquisa sobre músicas ou artistas que abordem o tema da atividade ou peça ao próprio grupo sugestões. A participação des jovens é importante para fomentar a construção coletiva do conhecimento, além de incluir o grupo na construção da metodologia pedagógica com referências da própria juventude na atualidade.

Peça ao grupo que reflita sobre a letra e artista da canção proposta. Esse momento de reflexão é individual e íntimo. Ao final da música, distribua uma tarjeta para cada pessoa e peça que responda a seguinte pergunta: Como está se sentindo hoje?

Cada pessoa deve ler a tarjeta e colá-la em um painel ou no quadro da sala. A proposta aqui é aproximar o grupo por meio do afeto, da empatia e do cuidado entre si, criando um vínculo de confiança entre todes presentes.

Para as atividades online, existem algumas ferramentas que podem auxiliar no registro desse momento, como por exemplo as plataformas Menti.com e Padlet que fornecem possibilidades de visualização das respostas da turma.

Para iniciar a problematização dessa atividade, peça que cada pessoa do grupo escreva em uma tarjeta uma pequena biografia, com as informações indicadas abaixo.

– Nome de registro, nome social (caso haja), idade, raça, orientação sexual, identidade de gênero e outra informação que ache importante.

Para uma atividade online, a tarjeta pode ser substituída por um post-it na plataforma padlet, ou mesmo no jamboard um recurso do google drive.

Cada pessoa deve ler o que escreveu e falar se teve dificuldades ou receio ao descrever esse pequeno perfil sobre si. Estimule a escuta ativa no grupo, o acolhimento e a empatia ao ouvir as pessoas que têm vivências diferentes, enfatizando a importância do respeito mútuo.

Sugestão de músicas para iniciar a atividade: Ney Matogrosso – Balada do Louco

2

Leitura de imagem ou texto

Tempo proposto: 30 minutos

Coloque os vídeos sugeridos ou utilize outros que dialoguem com o tema proposto, a partir de uma pesquisa prévia. Peça ao grupo que preste atenção às falas e às pessoas.

LEMBRETE! Caso haja esse recurso, acione a legenda automática do vídeo, assim pessoas com deficiência auditiva ou outras dificuldades podem acompanhar o conteúdo e participar da atividade de maneira igualitária com os demais

Após os vídeos, estimule a reflexão sobre o que viram, sentiram e ouviram. Esse momento de trocas e impressões sobre o conteúdo proposto é livre. Você deve estimular que cada jovem fale livremente sobre a sua leitura de imagem, fazendo pequenas conexões relacionando as falas do grupo com as das pessoas entrevistadas.

Pontue as diferentes experiências individuais, trajetórias de conscientização de suas identidades, compreensão de outras de identidades de gênero, diversidade humana, respeito, liberdade e outros temas que aparecerem.

TRANS…FORMAR-SE!: ENCONTRANDO CAMINHOS

Denise Taynáh e Eloá Rodrigues narram suas trajetórias e o contínuo processo de autoconstrução como ativistas trans negras, comprometidas com práticas de autocuidado e segurança. Entre diferentes dinâmicas de reconhecimento de si, os múltiplos caminhos escolhidos, e as particularidades das experiências que possuem, Denise e Eloá dialogam sobre ferramentas e estratégias de autoproteção, chamando atenção para a importância da existência de grupos (cis e trans) e de políticas públicas que ofereçam acolhimento, suporte e assegurem direitos para as pessoas trans.

8 min/ Tempo de minutagem para atividade: até 03’50’’

Crédito: ONG CRIOLA, sob licença Creative Commons (livre uso/reprodução)

Ativistas explicam o que é intersexo

Sinopse: Hoje Shay Bittencout, Dionne Freitas, Ernesto Denardi, Amiel Vieira e Luiza Freitas que estão na linha de frente do movimento intersex brasileiro, em busca de mais inclusão e respeito pela diversidade, explicam o que é ser intersexo.
Cada ativista é portador de um estado intersexo especifico:
Shay Bittencout: teve o que seria chamado de intersexo gonadal verdadeiro: ovotéstis.
Dionne Freitas: mosaicismo 46Xy/47XXy/46XX uma variação incomum de Sd Klinefelter
Ernesto Denardi: Nasceu com trompas e útero resquiciais e sem testículos.
Amiel Vieira: insensibilidade androgênica parcial.
Luiza Freitas: ambiguidade genital com mosaicismo 46Xy/46XX.

Tempo:
5 minutos

Crédito:
Canal Dionne Freitas

3

REFLEXÃO COLETIVA E SOCIALIZAÇÃO

Tempo proposto: 40 minutos

Faça a pergunta abaixo e abra uma roda de escuta ativa.

– Você consegue fazer um mapa mental sobre o processo de conscientização sobre sua identidade de gênero?

Após essa rodada de conversa, exiba o vídeo indicado e peça ao grupo que exemplifique possíveis violências sofridas por pessoas que fogem ao padrão normativo binário de gênero (masculino e feminino). Escreva no quadro as situações indicadas.

Para atividades online é possível registrar utilizando os recursos das plataformas colaborativas padlet, jamboad e mentimeter e outras, que atendam a necessidade do momento.

Reflita com o grupo que há pessoas que não se identificam com o gênero imposto ao nascimento e associado ao sexo biólogico – as pessoas transgêneras. Estas pessoas podem ter maior dificuldade de se compreenderem e se reconhecerem por diversos motivos, como por exemplo, as violências praticadas contra pessoas e corpos dissidentes. Isto é, pessoas que não se veem e não concordam com as normas sociais atribuídas à elas, como o gênero, estão mais vulneráveis a sofrerem violências físicas e simbólicas na sociedade.

Por outro lado, as pessoas que se reconhecem com o gênero designado ao sexo biológico (genitália e orgãos reprodutores) indicado no nascimento são cisgêneras.

A identidade de gênero tem a ver como a pessoa se reconhece, sente e se coloca no mundo e não com o sexo biológico. Ou seja, gênero é social e sexo é biológico.

Outra discussão que pode ser abordada com o grupo é sobre a diversidade sexual. Por exemplo, uma pessoa pode nascer com características físicas genitais de uma vagina e de um pênis ou saco escrotal. Essas pessoas são identificadas atualmente como intersexo. E é um fenômeno natural da natureza humana.

Na medicina já existe o mapeamento de 40 estados intersexos, que são caracterizados por “incompatibilidades entre órgãos e cromossomos sexuais, alterações hormonais e, em menor número, ambiguidades sexuais”. Estas pessoas também sofrem diversas violências na sociedade, já a partir da primeira infância, mais precisamente no nascimento quando, geralmente, são submetidas à intervenção cirúrgica para adequação do órgão genital ou hormonal pelo prisma binário.

Estimule também a reflexão sobre a linguagem neutra ou não binária, criada para não particularizar o gênero de uma pessoa e geralmente é utilizada para pessoas não-binárias ou agêneras. Ou seja, pessoas que não se sentem confortáveis ou não se identificam com a associação do masculino nem do feminino.

Prepare-se para esta atividade lendo as referências bibliográficas previamente. Atente-se para os textos e vídeos que abordam os temas sobre estereótipos (“papéis”) de gênero, expressão de gênero, interseccionalidade, cisgeneridade x transgeneridade, intersexualidade, entre outros.

Pesquise outros conteúdos e aprofunde seus estudos!

O que é Identidade de Gênero?

Sinopse: Não sabe como se referir a uma pessoa trans? Não sabe a diferença de orientação sexual para identidade de gênero? Está mais do que na hora de dedicar cinco minutos do seu dia para escutar.
Aprender as nomenclaturas e as formas de se referir às pessoas trans é um dos primeiros passos para reconhecer a existência e respeitar as particularidades delas. O dia da visibilidade trans, no Brasil lembrado em 29 de janeiro, foi criado para trazer essa discussão à tona e abrir espaço para inclusão dessas pessoas na sociedade.
O Canal Preto ouviu mulheres e homens trans para entender as dificuldades enfrentadas diariamente pela falta de políticas públicas, como o difícil acesso ao mercado de trabalho e até mesmo ao sistema de saúde.

Tempo:
5 minutos

Crédito:
Canal Preto

4

Encerramento e avaliação

Tempo proposto: 10 minutos

Exiba um dos vídeos propostos – caso haja tempo, exiba os dois – e faça uma leitura de imagem mais rápida reforçando a importância da escola para uma educação que valorize as diversidades, respeite as diferenças de gêneros e que valide as nomenclaturas/pronomes acolhendo, sem distinção, todas as existências humanas.

Para finalizar, peça ao grupo que diga uma palavra que expresse o aprendizado do dia. Pergunte ainda se mudaram de percepção sobre os conceitos abordados na atividade.

Como sugestão de avaliação, peça que cada pessoa escreva em casa em uma folha sobre o que compreendeu do conteúdo proposto. O material deve ser recolhido em um próximo encontro para possibilitar novas abordagens e aprofundamentos sobre o tema com a turma.

Ser: histórias de vida de homens e mulheres trans

Sinopse
O documentário “Ser: histórias de vida de homens e mulheres trans” apresenta a transgeneridade – condição em que a identidade de gênero do sujeito é diferente das que lhe são atribuídas com o gênero de nascimento. Entretanto, o foco do vídeo é mostrar a experiência trans a partir do relato de quem a vive: não como o aspecto que resume o indivíduo, mas como parte da sua construção.

Tempo de duração: 10’/ Trecho indicado para atividade: 03’25’’ a 05’50’’

Crédito:
Bernado Luiz

Vidas TRANS IMPORTAM!

Sinopse
Quantas mulheres e homens trans fazem parte da sua vida? Hoje, Dia da Visibilidade Trans, o Canal Preto inicia uma série de vídeos sobre a vivência dessas pessoas que são alvos dos mais variados preconceitos, mas só querem existir com liberdade.
O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. O segundo colocado, o México, mata menos que a metade. Cara a cara com a falta de direitos básicos como educação e saúde e sem acesso a trabalho e emprego com garantias de direitos, à população trans são reservados lugares que as expõe às piores situações de vulnerabilidade. Nestes espaços são expostas a diversas formas de violências que, por vezes, terminam em morte, traumas e sonhos interrompidos. No dia da Visibilidade trans, homens e mulheres contam ao Canal Preto o que é estar constantemente na mira das mais diversas caças e como conseguem permanecer vivos e vivas mesmo diante da transfobia e do racismo institucionalizados no Brasil.

Tempo:
07’26’

Crédito:
Canal Preto

Materiais necessários

Presencial: 

  • Kit audiovisual (computador, projetor, caixa de som e acesso à internet).
  • Papelaria (folhas de papel sulfite (para tarjetas), canetas, canetinhas, lápis colorido, tesoura).

Online:  

  • É fundamental verificar se a turma tem celular ou computador e acesso à internet.
  • Plataforma para realização das atividades ( Google Zoom, meet ou Teams…)
  • Contas de acesso em uma das plataformas Padlet, Mentimeter ou Jamboard. ( sugestão).

Referências bibliográficas

Confira os materiais utilizados como referência para o
preparo dessa atividade

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